Germain (Fabrice Luchini) é um professor desmotivado com seus alunos e que, apesar de amar a literatura,  nunca foi lá um grande escritor. Mas as coisas começam a mudar ao corrigir a redação de um de seus alunos, Claude (Ernst Umhauer).  O professor vê um grande potencial no garoto e decide ajudá-lo a aprimorar seus textos. E é aí que o filme ganha vida.

Ernst Umhauer em cena de Dans la Maison

Os textos de Claude seduzem não apenas Germain e sua esposa, mas também ao espectador, que se encontra implorando por mais a cada "continua..." deixado pelo rapaz. Por isso, quando finalmente nos tocamos de onde vem a inspiração do rapaz, a noção de certo e errado é engolida pelo nosso desejo e curiosidade e assim como o professor, deixamos a ética de lado e mergulhamos no cruel jogo de manipulação imposto por Claude.

Com um roteiro excepcional e um excelente trabalho de direção (François Ozon em sua melhor forma), o longa sabe como trabalhar cada aspecto da trama criada por Claude, que usando a família de um amigo como "objeto" do seu conto, vai aos poucos cruzando as barreiras éticas e arrastando Germain e o espectador juntos. A cada movimento imposto pelo garoto, a cada finalização de plot de sua trama, nos vemos em um dilema moral. No fim, quando vemos aquela família ruindo para que o garoto e o professor possam fazer seu "grande final", nos sentimos culpados por aquilo ser exatamente o que queríamos, mas aí já é tarde, a hora de parar já passou e devemos apenas lidar com as consequências do que deixamos ocorrer.