Um João e Maria com toques de suspense e erotismo.
Se a cena de abertura de "Les Amants Criminels" nos faz querer furiosamente apontar um rifle para o diretor, François Ozon (dos ótimos Frantz e Dans la maison), a seguinte nos obriga a rapidamente mudar tal rifle de direção. O assassinato perpetrado por Alice e Luc, dois jovens adolescentes que ficam entediados, e o sequestro deles em uma misteriosa cabana perdida na floresta, não é objeto de uma narrativa linear clássica. Pelo contrário, evolui ao longo dos meandros da consciência dos jovens heróis, acompanhados neste itinerário introspectivo por uma brilhante montagem.
Ozon tem como temas recorrentes a bissexualidade, relações sadomasoquistas e a força da morte, mas aqui ele encontra uma nova inspiração. Ao levar o filme para o mundo dos contos de fadas com referências claras - Alice e Luke são versões de João e Maria, o homem da cabana evoca a bruxa e a passagem do rio no barco cita diretamente a cena onírica de "The Night of the Hunter", de Charles Laughton - o cineasta abre seu filme para a liberdade de um espaço mitifico e abstrato.
Com belos planos, o filme às vezes parece evocar o Sokhourov dos grandes dias. Mas Ozon também tem senso de humor (o ogro deflora Luc, revelando de repente sua homossexualidade latente): seu filme não é muito sério! Se "Les Amants Criminels" às vezes peca pelo didatismo, como evidencia a cena supérflua do sonho de Alice, ao menos oferece uma experiência cinematográfica original, uma qualidade que seus congêneres não costumam demonstrar.
Crítica: Chronic Art
Confira o trailer do longa:
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