Uma jornada adolescente e sensual na noite parisiense
Dois adolescentes estão vagando na noite parisiense em uma caminhada meio festiva e meio melancólica. Sensual, inebriante e devidamente romântico, "L'âge atomique" é o primeiro longa-metragem, frágil e muito belo, de Héléna Klotz, tratando da adolescência, seus impulsos sexuais e mórbidos combinados, seus entusiasmos e suas prostrações, sua grandeza e seu ridículo.
O cenário é a noite de Paris, as estações de trem, os trens suburbanos, os seus clubes subterrâneos, as suas pontes e as florestas vizinhas. Até agora, nada muito original na imaginação do cinema francês. Mas algo mais singular e abstrato ocorre no filme, que vai além do retrato simples e realista de uma geração. Não é tanto a juventude de hoje que interessa a Héléna Klotz, mas um estado imutável que a afeta, uma maldição que atravessa eras, que vamos chamar de melancolia.
Como escapar dessa herança sinistra, é a questão que assombrará os protagonistas do filme, Victor e Rainer (Eliott Paquet e Dominik Wojcik, desconhecidos, admiráveis), dois adolescentes taciturnos e cansados que acompanhamos no tempo de uma noite em um quadro instável e flutuante, entre planos de pegação frustrados, passeios cegos e brigas de rua. Em uma Paris irreal, quase mítica, dominada pela névoa e cercada por trilhos de metal, eles passarão, separadamente ou juntos, por diferentes lugares e diversos estados emocionais, dissertando com uma ênfase enganosa sobre o sexo, o significado da vida, a poesia e a mediocridade de tudo que não seja eles.
A Era Atômica é, antes de tudo, o relato engraçado e jubiloso desta arrogância da juventude, seu lirismo irritadiço e sua radicalidade incerta, apreendida sob as luzes artificiais dos clubes. Então vem a queda: Victor e Rainer caem na sombra melancólica, sugados por um violento fluxo de tristeza que não é dito, ou mal (eles vão tentar duas vezes, em cenas dilacerantes, confessar sua dor de estar no mundo, seu sentimento de incompletude).
O filme em si parece atraído por uma força obscura quando se desvia de todo o realismo para seguir os caminhos de um romantismo negro, evocando Jean-Paul Civeyrac e um fantástico primitivo, hiper estilizado. Esta é a grande força deste jovem cinema sem constrangimento e aventureiro, que não hesita em cruzar o imaginário para inventar seu próprio idioma: fantasmas aparecem na plataforma de uma estação, Súcubos perturbam sonhos, Rainer parece se tornar um vampiro desmamado de sangue (talvez o de Victor, a quem ele parece vinculado por uma relação equívoca feita de desejos secretos e impulsos carnívoros).
Sob os efeitos repetidos dessas visões psicotrópicas, que revelam uma sensação de encenação surpreendente, "L'âge atomique" caminha para uma sequência soberba em uma floresta, onde, longe do mundo, os dois adolescentes finalmente confessarão seus segredos antes de retomar o dia. Este segredo, que é certamente o de Helena Klotz, é um desejo ardente e obstinado pela vida, apesar da melancolia e da tristeza.
Crítica: Les In Rock
Confira o trailer do filme:
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